Mais que um ponto no mapa

1/02/2013 em Imprensa

Revista Propaganda
São Paulo

Entrevista com Dr. Cesar Amendolara, Sócio V&G.

SapientNitro entra no Brasil com a aquisição de 81 % da iThink

Nos últimos cinco anos, a iThink registrou crescimento acima da média de mercado, que é de 15% ao ano. Somada ao trabalho, muitas vezes, inovador da agência, a expansão dos negócios rendeu a Marcelo Tripoli, seu CEO, o título profissional mais reconhecido do mercado digital brasileiro pelos 100 maiores anunciantes do Brasil, de acordo com a segunda edição do Digital Scope, estudo realizado pelo Grupo Consultores a cada dois anos. O último foi feito em dezembro de 2011.

Tal desempenho chamou a atenção de grandes grupos internacionais durante esse período. O assédio das holdings, porém, não chegou a se tornar uma negociação séria. “Nos não queríamos ser apenas um ponto no mapa com o nome iThink alguma coisa. Desejávamos admirar e aprender com o nosso sócio, trazer um impacto real ao mercado brasileiro”, diz Tripoli.
No fim de 2011, os executivos da SapientNitro e o CEO da iThink começaram a conversar sobre a possibilidade de firmarem negócios em conjunto. Como qualquer transação de porte, as duas partes conversaram várias vezes, definiram e redefiniram os termos do possível contrato. Por volta de agosto do ano passado, e escritório Velloza & Girotto Advogados Associados foi procurado pela agência brasileira para prestar assessoria nos próximos passos da negociação. Já havia sido elaborada uma carta de intenções de ambas as partes. Cesar Amendolara, um dos advogados do escritório que intermediou a transação, explica que o desafio maior no setor de serviços, quando existem fusões e aquisições, é acomodar os interesses das pessoas, de modo geral, considerando sobretudo os objetivos dos funcionários. “Quando de compra um agência, não existem grandes ativos como fábricas e lojas como na indústria e nos bancos. Mas o que está sendo “adquirido” são as pessoas, seu talento”.
Ele analisa que, enquanto a compradora tem uma cultura diferente e presença em diversos países, a adquirida tem uma estrutura mais compacta e local. “Os profissionais vão continuar no negócio, porque não faz sentido a sua saída. Seu trabalho e os clientes são os principais atrativos da agência”. O Velloza & Girotto já havia trabalhado em outra negociação como essa do mercado publicitário: quando o Grupo ABC adquiriu a Sunset. A única diferença entre uma aquisição feita por um grande grupo de fora do país e outra feita por grupos nacionais é o número de interlocutores e intermediários para fechar, de fato, o negócio. De qualquer forma, na noite de 15 de janeiro passado foram assinadas as páginas finais da aquisição de 81% da iThink pela SapientNitro, com previsão de adquirir o restante das ações no futuro. O valor da compra não foi revelado devido ao fato de a SapientNitro ser uma empresa de capital aberto, mas Tripoli analisa: “Estamos em um mercado digital maior e a agência também está maior. Como o mercado evoluiu, os deals são proporcionais”. De acordo com informações que circularam na época, agências digitais, como a AgênciaClick e Ebiz foram adquiridas anteriormente por US$ 31 milhões pelo AegisGroup e US$ 57 milhões pelo grupo WPP, respectivamente, visto que a última vendeu 70% do seu capital. Por enquanto, os 19% continuam nas mãos dos já sócios, Tripoli, Luiz Trindade e Tiago Cruvinel, sendo que uma parte menor dessas ações também foi repassada aos promovidos a sócios da agência, Patrícia Andrade, vice-presidente de negócios e delivery, e Carlos Borges, diretor de mídia e planejamento. A previsão é que, em seis meses, a agora SapientNitro iThink seja rebatizada apenas de SapientNitro.
Em um primeiro momento, o objetivo é fazer com que os clientes, os prospects e até os funcionários se sintam familiarizados com a nova fase da agência. Fundador da marca iThink, Tripoli diz não se sentir mal por estar associado à extinção do nome com o qual batizou sua agência há mais de dez anos. “Sou mais apegado à filosofia da empresa, nem tanto a marca. E tenho certeza de que o DNA e a essência serão preservados”. Ele lembra que, quando resolveu dar os primeiros passos da iThink por aqui, seu benchmarking foi exatamente a SapientNitro. Por isso, não esconde seu entusiasmo com os novos sócios. Os primeiros compromissos dessa nova etapa são as reuniões com os clientes da rede internacional para oferecer os serviços no Brasil e a participação em uma reunião de integração que ocorreu em Atlanta, Estados Unidos.
NEGÓCIO GLOBAL
O relatório financeiro da SapientNitro referente a janeiro até setembro de 2012, apontou a receita de US$ 572 milhões. Foram conquistados 65 novos clientes, com aproveitamento de 70% de todas as concorrências das quais participou. São sete mil funcionários em todo o mundo.
A decisão da agência de ingressar no mercado brasileiro foi muito bem estudada. Seus clientes já tinham demanda de trabalho nos países da América Latina. Mas ainda não atuava no continente. Estava presente na América do Norte, onde nasceu há 20 anos, na Europa e na Ásia, onde firmou os negócios, recentemente, somando 35 escritórios.
Gaston Legorburu, CCO global da agência, explica que a empresa não tem missão de ser uma holding, e sim a pretensão de ser a mesma empresa em qualquer lugar. “Não queremos dominar o mundo”, adianta Legorburu. Dessa forma, a SapientNitro só admite alguma agência caso sua identidade se equipare á cultura organizacional da empresa e sua atuação seja complementar ao trabalho já executado. Em 2012, comprou a Iota Partners, empresa de pesquisas, a Second Story, que produz Jobs de design interativo, e a (m)Phasize, responsável por fazer estratégias de mídia, pensando em todo o mix de pontos de contatos possíveis. “Trata-se de servir a clientes globais e dar apoio aos mercados. E nas de crescer por crescer”.
É a primeira vez que a Sapient entra no mercado brasileiro. A confusão sobre a entrada da agência  anteriormente por aqui tem a ver com o antigo acordo operacional entra a Santa Clara e a Nitro, esta última já adquirida há quatro anos pela Sapient. Por aproximadamente dois anos, a Nitro e a Santa Clara mantiveram uma parceria de trabalho. Em abril de 2010, quase um ano depois de ser anunciada a compra da Nitro, a Santa Clara informou ao mercado que o acordo havia sido cancelado. Na época, circularam na imprensa justificativas como a falta de afinidade e a pouca contribuição da agência estrangeira ao aumento da receita da empresa brasileira. Legorburu explica, que o contrato da joint venture entre as duas já havia sido revogado assim que a Sapient comprou a Nitro.
ATUAÇÃO ÍMPAR
Leborguru e Tripoli explicam que os dois lados enxergam uma oportunidade de tornar-se um player que não existia no mercado. “Os CMOs não querem só uma agência que faça o arroz com o feijão, mas que mantenha o trivial junto à inovação”, explica Tripoli. “Nossa pretensão é criar estratégias digitais e entregar full service no Brasil”, completa Legorburu. Na iThink, enxergou semelhança na atuação. A assinatura usada pela brasileira “Adding value agency” revela grande similaridade com o conceito de storyscaping da SapientNitro. Traduzindo: uma nova agência, mantém-se o objetivo de impulsionar as marcas a fazer a diferença na vida das pessoas. Trata-se de redefinir a conexão existente entre as marcas e os consumidores, compartilhando histórias e experiências. A estrutura da SapientNitro iThink continua cultuando a coexistência entre tecnologia e criação. Sendo assim, todos os profissionais atuam em parceria. Com a chegada de mais esse grupo ao Brasil, Tripoli sonha grande: “Não buscamos nada menos que a liderança neste mercado. Nenhuma outra agência tem uma equipe como a nossa. Teremos leverage importante para os nossos clientes”, finaliza.

Velloza Advogados |

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