Brasil sai de moda, e preços de empresas caem

14/10/2012 em Imprensa

Fonte: O Estado de S. Paulo

Entrevista com Dr. Cesar Amendolara, Sócio V&G, Responsável pela área de Fusões e Aquisições.

Desaceleração da economia pode estar ajudando a aumentar o número de negócios por causa da queda no valor das companhias
Fernando Dantas – Rio
A desaceleração da economia brasileira pode estar estimulando as operações de aquisição por estrangeiros de empresas nacionais, ao fazer com que os vencedores aceitem preços mais razoáveis. A visão é de Patrice Etlin, sócio para a América Latina da Advent International, empresa global de private equity com sede nos Estados Unidos.

Ele nota que a volatilidade da Bolsa e a expectativa de crescimento fraco da economia brasileira este ano estão levando, paradoxalmente, a uma aceleração do fechamento de negócios.
Isso ocorre porque as famílias e empreendedores que detêm as empresas cobiçadas estão pedindo preços mais razoáveis, depois de uma fase em que, com o Brasil no auge da moda, os preços foram às alturas. “Há uma aproximação de valor entre o que os vendedores pedem e o private equity está disposto a pagar”, explica o executivo.
No caso da Amil, porém, a percepção geral do mercado é que o preço da transação foi bastante elevado (quase R$ 10 bilhões). A UnitedHealth, ao contrário dos fundos de private equity, é um investidor estratégico – isto é, uma empresa do mesmo ramo da que foi adquirida.
Novo patamar: Segundo Etlin, “há hoje, caçando transações no Brasil, cerca de US$ 11 bilhões”. Ele acrescenta que a grande maioria desses recursos foi levantada nos dois últimos anos, e agora os investimentos estão começando a ocorrer.
A Advent, por exemplo, participou da operação em janeiro pela qual o Unopar, grupo universitário paranaense forte em ensino à distância, foi adquirido por R$ 1,3 bilhão. A aquisição foi feita por meio da Kroton, a empresa da Advent de educação pública que está na BM&F Bovespa.
Antonio Wever, sócio do grupo nacional Pátria, associado ao americano, Blackstone, um dos maiores fundos de private equity do mundo, diz que entre 40% e 50% dos mandatos da instituição hoje “são por parte de empresas internacionais ativamente procurando e negociando oportunidades do Brasil”. Ele diz que tem oito mandatos para aquisições internacionais em setores da economia brasileira como consumo, infraestrutura e serviços.
O Pátria vendeu, entre meados de 2010 e abril de 2012, três laboratórios farmacêuticos nacionais – Bunker, Delta e uma participação no Pele Nova – para a Valeant, empresa farmacêutica internacional de origem canadense, Wever ressalta que o próprio Pátria pode ser incluído na onde de interesses dos estrangeiros pelo Brasil, já que vendeu uma participação de 40% para o Blackstone no fim de 2010.
O advogado Cesar Amendolara, sócio do Velloza & Girotto Advogados Associados e responsável pela área de fusões e aquisições do escritório, afirma que o investimento estrangeiro em empresas brasileiras é o que mais está movimentando o mercado atualmente, junto com os grupos estrangeiros que vêm para o País iniciar sua atividade a partir do zero. O Velloza & Girotto trabalhou na operação da rede CNA de cursos de inglês, que teve investimento de T$ 135 milhões do private equity do grupo britânico Actis (que investiu também R$ 180 milhões na Universidade Cruzeiro do Sul, em janeiro). Ele percebe que a lentidão no mercado de capitais – este ano, houve apenas uma oferta pública inicial de ações no Brasil – faz com que os recursos se direcionem mais para investimentos em private equity.
Outros negócios tradicionais foram vendidos para grupos estrangeiros este ano. A Fogo de Chão, rede com sete churrascarias no Brasil e 18 nos Estados Unidos, foi vendida pela GP Investimentos, grupo financeiro nacional, para o fundo de private equity Thomas Lee Partners, por US$ 400 milhões. O anúncio foi em maio deste ano.
Já a Yoki, indústria de alimentos conhecida por sua pipoca de micro-ondas e produtos juninos, foi vendida para a americana General Mills em maio, por R$ 1,75 bilhão. A Yoki teve vendas de R$ 1,1 bilhão em 2011. A empresa tem nove fábricas e produz 610 itens diferentes, de salgadinhos a sucos prontos.

Velloza Advogados |

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